Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!
Alberto Caeiro
6 comentários:
Querida conterrânea e amiga.
Grato por ter passado a vista pelo meu espaço. Falar de Fernando Pessoa é o mesmo que repudiar a ditadura. Ele conseguiu desmascarar a ditadura com uma subtileza inigualável.É um dos meus favoritos. Aguardo mais algumas visitas, pois corresponderei de volta. Abraço amigo e,bom fim de semana. Já agora, não se esqueça que Domingo é dia de eleições. Eu como de costume lá estarei numa assembleia de voto. Faço isto desde 1975.
De voilta. Falando de Fernando Pessoa,ELE também usou os eterónimos de Alvarode Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares e outros que agora nãome lembro. Também sei que nasceu em 1888 e faleceu em 1935. Gostava muito de frequentar os Cafés Nicola e em especial o Martinho da Arcada.
“O Guardador de Rebanhos”.
Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa
Adorei, relamente primas pelo bom bom gosto!
Um beijo
Olá Concha!
Sempre actual Fernando Pessoa.
Beijos
E este poema com cento e tal anos veio ao encontro de tudo o que sentias... maravilhoso sem dúvida!
Fica ben!
Bjs
Quem não admira Fernando Pessoa e os seus heterónimos que se acuse.
Penas pesadas para os culpados...
É simplesmente viciante ler este(s) Senhor(es)...
Boa escolha!
;)*
X@u
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