terça-feira, 25 de novembro de 2008

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Na minha infância, tive privilégios, exclusivos só meus, por ser criança, era uma espécie de imunidade, não tinha responsabilidades, só me lembro de brincar, brincar todo o dia.

Tinha as bonecas, roupas, peças de mobílias de quarto de cozinha etc.etc. Algumas eram novas, outras já vinham das minhas irmãs mais velhas, o ferro de passar a carvão, eram das minhas tias, esse ainda resiste ao tempo, tenho-o comigo.

Vivi, rodeada de animais domésticos.

Brinquei com todos!!!


















Haviam os coelhos, aos brancos , de olhos vermelhos, chamava-lhe chinchilhas,eram ternurentos e muito mimados.
Com os porquinhos da índia, não dava muito jeito para brincar, porque eles não se deixavam apanhar com facilidade, além de estarem sempre guinchando.
Com os pássaros, os canários amarelos eram os que despertavam mais atenção,chilreavam durante todo o dia, só à noite ficavam no poleiro com o bico dentro da asa.
No pombal, montei muitas vezes a casa das bonecas, as pombas eram as únicas com liberdade de entrar e sair, mas,tinham todas armelas amarelas na pata direitas e numeradas. Geralmente regressavam só para comer e dormir.
Os peixes, só tinham a minha atenção, quando não podia brincar no jardim, ou estava de castigo, aí, sim eu contemplava-os e reconheço que me tranquilizavam.
Até tive um hamster branquinho, polvilhava-o sempre com pó talco e deitava-lhe umas gotinhas de "bien-être". Ele circulava livremente pelas minhas costas, braços, pescoço...a minha Mãe,não gostava nada deste bichinho, e tantas vezes foi repreendida, que também deixei de gostar dele, foi arquivado na gaiola.


O mais amigo de todos, o companheiro de todas as brincadeiras era o cão, o "Apollo". Nas corridas em volta da casa era campeão!

Parecia entender tudo o que eu falava, era obediente, e não deixava estranhos se aproximarem de mim, nem mesmo a minha Mãe, quando vinha com aquele ar que me ia chamar a atenção.

Vestia-lhe roupas,dava-lhe comida na boca como a um bébé, enfim... só não dormia no meu quarto, porque não era permitido a entrada de animais dentro de casa. Morreu muito velhinho e cansado de tanta brincadeira, e de zelar pelos donos, porque foi sempre um bom cão de guarda. Foi substituido por outro cão, também "Apollo", porque a partir de 1968, com a chegada dos americanos à Lua, todos os cães que se seguiram chamaram-se "Apollos".
Na casa dos meus avós paternos, onde passava as férias de Verão, aí sim, haviam todos os animaís de quinta: -galinhas, pintainhos, patos,vacas, cabras, ovelhas, porcos, cães e gatos. Aí, era uma festa andar a percorrer as casas da bicharada, rebolar na terra, correr entre o trigo,depois as vindimas, andar suja e com arranhões...
Com os gatos, nunca tive muito convivio, os que apareciam por casa eram só visitas, nunca sabíamos quem eram os donos.

Foi observando o seu estilo de vida a sua independência, a sua auto-suficiência, personalidade, para além da beleza, e fez-me pensar: ao escolher ser animal, só quero ser gato!

Tenho liberdade, astúcia, agilidade, posso ir sempre onde eu quero e quando quero...

Que o "Apollo", e todos os cães me perdoem!

Funchal

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