sábado, 10 de julho de 2010

Poesia de Mário Andrade

O valioso tempo dos maduros.
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.

Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.

As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.

"As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos".

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,minha alma tem pressa...

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana,que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.

O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!

3 comentários:

Fernando José Ramos disse...

Poesia linda!
É sempre uma boa surpresa passar por aqui.
Abraço

Rosa Oliveira disse...

És selectiva nas escolhas dos livros,dos poetas,dos escritores. Conheci-te a ler, quando ainda não havia sensibilização para a leitura.
Por isso acompanho o teu blogue com o carinho e a saudade da nossa juventude colegial.
Um saudoso beijo do outro lado do atlântico

Manuel disse...

Linda poesia...e tão adequada a sociedade actual.Já não existem pessoas sinceras e puras em sentimentos como tu.
Beijinhos

Funchal

Funchal