quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Chegou a chuva

Saudar a chuva. Pode ser algo sensacional...
Tenho lido vários poemas de Eugénio de Andrade, e, a "Chuva sobre o rosto", grande parte relacionado com a sua Mãe, sensibiliza-me, pela transparência, pela simplicidade, e também pela minha.
A minha Mãe ,vive, com os 83 anos, vê e ouve a chuva, já passou pelas primaveras, pelos verões e outonos, e, agora, chegamos ao inverno.
É muito importante, na minha vida.
Devo-lhe lealdade, obediência, aprendi com ela a desenvolver faculdades físicas, mentais, devo-lhe a vida. Ensinou-me a alterar e a mudar rumos, e, sobretudo a decidir.
Hoje, os anos passaram, sou eu que lhe dou a mão, sou eu que a mimo, procuro ampará-la, a prestar auxílio. Estou atenta. Sei que a vida é efémero.
Continuo a apreender com Ela, a sentir ternura, pelas rugas, pelos cabelos brancos, pela sua debilidade e fragilidade, cada vez mais inconstestável.
A nossa Mãe, é o nosso mundo.
"Casa na chuva "
A chuva,outra vez a chuva sobre as oliveiras.
Não sei por que voltou esta tarde se minha mãe já se foi embora,
já não vem à varanda para a ver cair,
já não levanta os olhos da costura para perguntar:
Ouves?
Oiço,mãe,é outra vez a chuva,
a chuva sobre o teu rosto.

"Eugénio de Andrade"

1 comentário:

MarTIC@ disse...

A Chuva

Começou o medo dos Homens. O tempo mudou, o céu escureceu... trovões, relâmpagos e vento, chegou a chuva iminente. As estrelas se esconderam; até o gato – amante da noite, ficou na janela ressabiado, sentindo o cheiro da chuva, olhando as árvores, onde as folhas se agitam...

O céu relampeja. Fecham-se as janelas, o frio arrepia e os Homens procuram proteção, no casebre e na mansão. A tempestade amedronta ousados senhores do nada... até os carros, seres sem vida, disparam alarmes com os estrondos, que clareiam a noite como dia.

Deus então mandou uma chuva branda e sorriu: do trovão já morrem de medo, imagina se desço a mão. São corajosos na calada na noite, na traição.

O medroso olhou pela janela e respirou aliviado: a chuva passou...

Silvane Luz


Gosto de dias de chuva. Frios e cinzentos. Em casa, no sofá, lendo um livro e bebendo chocolate quente... Na rua, sem medo de me molhar, sentindo cada gota como se fosse catárse...

X@u

Funchal

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